Argentina: Dos roteiros memoráveis ao snack content
Com crise econômica agravada e às vésperas da eleição presidencial, país vizinho já não tem a força de antes na criação e produção de filmes publicitários
Teresa Levin
27 de maio de 2019 - 18h31
Apesar do agravamento na crise econômica que afeta o país nos últimos anos, este não é um cenário novo para a Argentina. Mas os caminhos para enfrentar mais uma vez um momento desfavorável passam pela criatividade e pelo uso dos mais variados formatos disponíveis na indústria da publicidade. O país, que sempre foi uma das forças do Wave Festival, este ano participa com um número de inscrições 45% menor, na comparação com 2018. Representantes de algumas das principais agências da Argentina estão no Rio de Janeiro, integrando os grupos de jurados das 18 áreas do festival promovido pelo Grupo Meio & Mensagem, trazendo suas visões para as discussões que definirão os melhores trabalhos da região latino-americana.
“Sempre vivemos crises, algumas mais fortes, outras menores”, pondera Fernando Sosa, diretor executivo de criação da Don Buenos Aires. Ele é presidente do júri de Print & Publishing. Neste cenário, vê a criatividade como uma ferramenta para que as agências e marcas possam encontrar espaço para falar com seus consumidores. “E para que estas marcas sigam relevantes em um momento como este”, coloca. Gabriel Huici, diretor geral de criação da Don Buenos Aires, e presidente do júri de Film Craft, lembra que, além da crise econômica, um outro fator tem impactado mais recentemente o mercado de publicidade argentino. “Teremos eleições presidenciais e isso modifica ainda mais o cenário. O cliente está um pouco mais retraído economicamente, com este contexto de votação”, analisa, referindo-se as eleições de outubro. “Acredito que tenhamos mudanças nos próximos meses”, prevê.
Um caminho para enfrentar este cenário de crise somado à proximidade das eleições é atuar como um parceiro integral de negócios, oferecendo soluções nos mais diversos campos, aposta Noele Chessari, fundadora e CEO da Ninch e presidente do júri de PR. “Vivemos muitas crises e a indústria da comunicação, por sorte, tem sabido se reinventar. O desafio para seguir conquistando anunciantes, dos mais diversos portes, é investir em criatividade, publicidade, PR, ampliar a carteira de serviços”, defende.
Noe é fundadora da Ninch Communication, agência que atua no setor de comunicação integrando relações públicas com serviços de design, digital, criação e produção. “Como comunicadores integrais temos mais possibilidade de ter mais trabalhos, resolver mais questões dentro das marcas, que precisam seguir se comunicando com suas audiências”, avalia.
Força mundial na área de Film, o país tem visto este cenário mudar, mas não só por conta da crise. “O nível de filmagens baixou muito, mas também por conta do que passa a publicidade mundialmente”, comenta Sosa. Ele revela que a La Comunidad continua filmando bastante mas que, se antes a maneira como as marcas passavam suas mensagens era unidirecional, houve nos últimos tempos a necessidade de aprender a filmar outras coisas, indo além do storytelling clássico. “O que antes durava 30, 60 segundos, agora dura 15, 20. O estilo foi mudando, revolucionando. O que deixou de existir em Buenos Aires é a TV clássica, poucas marcas ainda investem neste formato”, fala.
Noele concorda e diz ainda que atualmente no mercado argentino a procura maior é pelo que chama de snack content. “Para redes sociais, para o digital. O formato filme, que era muito custoso, não só em equipes, mas em tempo, não vale tanto a pena na dinâmica da comunicação que vivemos hoje, que é rápida. Precisamos comunicar muito em pouco tempo. O filme no formato que era entendido tende a desaparecer, temos outros formatos mais disruptivos, frescos, curtos, para atender o consumidor atual”, analisa.
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